Hoje, no Loucamente Louca Mente, um pouco
da herança da curta vida de Álvares de Azevedo.
Olá amigos!!! Estamos aqui para falar um pouco sobre um dos livros nacionais mais espetaculares que já li!
Álvares de Azevedo foi um escritor e estudante de Direito paulista que, mesmo tendo uma curta vida (faleceu aos 20 anos de tuberculose), gravou seu nome como um dos ícones da literatura ultra-romântica nacional (e mesmo mundial). Influenciado por autores como Lord Byron e Shakespeare, Alvares de Azevedo escrevera, além de Noite na Taverna, O Conde Lopo, Macário e o fantástico A Lira dos Vinte Anos, todos publicados postumamente. Durante o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia.
A história de Noites na Taverna se inicia-se obviamente em uma taverna, onde a bebedeira e a fumaça de velas e cachimbos se misturam ao cheiro do álcool e da comida servida no estabelecimento. Do lado de fora, uma tempestade cai enquanto que do lado de dentro, a tempestade se faz por meio de lembranças e desfortúnios.
- Taverneira! Meu copo está vazio!
Os capítulos são divididos em histórias dos que na mesa estão a beber: Solfieri, Bertram, Gennaro e Hermann, e são marcadas pelos elementos romanescos e satânicos que condimentam o ultra-romantismo (violentação, corrupção, incesto, adultério, necrofilia, traição, antropofagia, assassinatos por vingança ou amor).
Solfieri e a necrofilia.
O último capítulo, no entanto, é narrado em terceira pessoa, e vem para fechar a obra com chave de ouro. É noite alta na taverna, todos dormem. Entra uma mulher pálida, vestida de negro, procurando alguém com uma lanterna na mão. Vê Arnold, tenta beijá-lo, mas o deixa em paz, voltando-se para Johann, tornando-se, subitamente, sombria. Traz, além da lanterna, um punhal, que crava no pescoço deste último, enxugando as mãos ensanguentadas no cabelo do ferido. Vai até Arnold e o desperta. Ele a reconhece; é a irmã de Johann, agora transformada na prostituta Giorgia, a quem Arnold pede que lhe chame de Artur, como outrora. O rapaz recorda-se do duelo, do tempo passado no hospital para se recuperar, o desespero e a vida de devassidão a que se entregou por não encontrar mais Giorgia. Deseja ficar junto dela agora, mas a moça acha que é tarde demais, pede-lhe apenas um beijo de despedida, porque vai morrer. Leva Arnold até o corpo de Johann, dizendo que o matou por ter sido por ele desonrada, a ela que era sua irmã. Arnold horrorizado cobre o rosto, enquanto Giorgia cai ao chão. Arnold aperta o punhal contra o peito e cai sobre ela, sufocando os dois gemidos de morte.
Por fim, a lâmpada apaga-se.
Outra capa do livro.
Na minha opinião...
Como já disse outrora, eu demorei a me tornar um leitor atuante: passei a gostar de literatura após conhecer a obra do professor Tolkien ao ler O Senhor dos Anéis, mas ainda assim eu mantive um certo "ranso" da literatura nacional, sento este exorcizado de mim no ano 2000 quando uma professora de literatura me apresentou Noites na Taverna. E foi amor a primeira vista.
Noites na Taverna é um livro curtíssimo, mas de uma atmosfera pesadíssima dado o teor de seu conteúdo. Ainda, a obra impõe-se pela estrutura: um narrador em terceira pessoa introduz o cenário, as personagens, a situação, e praticamente desaparece, dando lugar a outros narradores - as próprias personagens, que em primeira pessoa contam, uma a uma, episódios de suas vidas aventureiras. Mesmo assim, indico para todos os fãs de autores como Edgard Allan Poe, H. P. Lovecraft e Bran Stoker, dentre outros.
E ai, já leu Noite na Taverna? Conte-me sua experiência e como você o conheceu!
Grande abraço!
0 comentários:
Postar um comentário